21 dezembro 2010

Não conheço Noel

Dezembro chega e já nem me recordo do tempo corrido
as estações mudaram e eu não percebo a sua transição
mudanças lentas de muito sigilo
outono, inverno, primavera, verão



No meu país, o sol brilha
o calor derrete, e são mais longos os dias
Talvez por isso nunca tenha visto Noel
um homem bondoso que eu tiro o chapéu
Porem não o conheço, nem eu, nem o Pedro, nem o Carlos Emanuel
não sei se seu trenó só viaja na neve, ou vai pelo céu
a verdade é que nunca vi nenhum papai noel,
nem de roxo, nem de longe, nem tapado com vel
todos que eu vi, nenhum se chamavam Noel
Já vi Antônio, José, Jardel
Thiago, Fábio, Zeca, Leléo
Teco, tico, Cris Martin, Gardel
ganhavam 10 reais no Shop, na rua e no Hotel
Mas ninguém se chamava Noel
Já ofereci 50 reais pra alguém me apresentar-lo
mas Antônio virava Noel sem demora de um jeito bem rápido
Algodão e roupa vermelha, não me convencerão, nem sorriso de lado
Enfim... muitos anos se passaram
E o Noel pra mim nunca foi apresentado

Minha mãe, já fingiu ser esse tal que não conheço
mas gaguejou quando em uma noite junto com ela fiquei surpreso
Ela, de eu estar acordado e eu, de ter visto sem receio
que a pessoa que colocava presentes e fugia, era alguém que eu conheço

Fiquei mais feliz do que impressionado
esse tal de NOEL não ia vim mesmo pra esse lado
moro bem longe do centro, e eu ficaria preocupado
se ele chegasse sujo, cuspido, fedido e molhado

Mas era por isso que o tal do Noel nunca errou o presente
volta e meia minha mãe fazia uma carinha de mãe dengosa carente
procurava baixinho o que eu queria de forma inocente
não sei como ela tinha esse contato de um cara velho, barrigudo e decente
que morava longe  e que vinha uma vez no ano visitar a gente

Mas minha mãe sempre me disse pra não aceitar coisas de estranho
Noel era o único cara que eu recebia presentes e não o conhecia,
Minha mãe disse que de desconhecido, só o de Noel podia
Mas é legal saber que minha mãe mesmo não sendo Noel
é o que me levava alegria
e hoje em dia, ela nem se veste mais de Noel e nem mais me conta historinhas
Ela só me dá amor, carinho coisa que papai Noel não podia
Mas como poderia? Eu não conhecia ele e nem ele me conhecia.


2 comentários:

  1. "Kady-Foi você quem fez?
    Arpe-Por que todo mundo pergunta isso?"

    Kady-Talvez eu saiba o porquê de todos perguntarem isso.
    Alguns pensam que você copiou de algum lugar. Outros têm dúvidas apenas; conhecem seu potencial, mas não sabem se você até pôs o nome do autor; aí entra em jogo a ausência de leitura das fontes ( se houver, claro).Outros, ficam impressionados pela criatividade do texto, e, por não conhecerem mais a fundo o seu trabalho, preferem perguntar, apenas pra se certificar que foi você mesmo o percusor de algo genial e criativo.
    Mas sejamos sinceros: não é algo genial e criativo como poesias de Drummond, claro, mas a boa e criativa escrita é um processo evolutivo e, tomando esse texto como ponto de partida...você está no caminho certo ( até parece que eu sou crítica literária de verdade kkkk)
    beijos e sucesso!

    * sem falar na grande polêmica que esse texto aborda de modo subtendido (eu acho): o Natal, época de confraternização, avaliação dos atos cometidos e mudança construtiva, tornou-se meramente época de troca de presentes...A cada ano, é mais raro ouvir de uma criança que o natal é época de paz, amor e perdão...A maioria só se preocupa com os presentes. É culpa das crianças? Acho que não.

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  2. Poxa, fico muito feliz de ler tudo isso!
    Reconhecimento é algo bem dificil, e fico bem contente de ver seu comentário e saber que realmente gostou do que escrevi.

    Obrigado por comentar e deixar sua opinião, adorei mesmo... volte sempre e comente sempre que poder!

    Abraços Kady!

    ResponderExcluir

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